O argumento oficial? Alivio para ansiedade e estresse. A chupeta virou "Pacifier para adultos", com design ergonômico, silicone de luxo e preços que variam de 8 reais a 300 reais. A industria vende como terapia portatil, as rede sociais como identidade. E o mundo compra.
A psicanálise explica com palavras bonitas: regressão fase oral, resgate da segurança da infância. Mas a verdade nua e crua é que estamos diante de uma sociedade que não sabe mais lidar com o desconforto da vida adulta. Que troca a coragem de enfrentar a própria ansiedade pela simulação de colo em forma de borracha. E não é só sobre chupeta, é sobre a lógica que a sustenta: quanto mais frágil for o adulto, mais o mercado para adultos trabalha para os manter assim. O risco dentário? as piadas? as criticas? tudo irrelevante, porque o "vídeo fofinho" no feed é mais importante que a pergunta incomoda: em que momento desaprendemos a amadurecer?
A infantilização não é mais um comportamento isolado. É tendência global, com marketing, logística e nota fiscal. E quando o símbolo do nosso tempo é algo que, um dia juramos abandonar... talvez seja a hora de parar de sugar plástico e começar a morder a realidade.
Baseado no texto de Willians Fiori, do Hospital Israelita Albert Einstein